Sedes Botafogo
No sul da praia de Botafogo, encostado ao Morro do Pasmado, onde hoje termina a Avenida Pasteur, erguia-se um casarão que serviu como a antiga sede do Club de Regatas Botafogo. Esse local, que abrigou o clube de remo até 1907, foi demolido para dar passagem a Rua Clotilde Guimarães.
Enquanto isso, o Botafogo Football Club, em seus primeiros anos, mandava seus jogos em um campo localizado na Rua Voluntários da Pátria, no bairro que também carregava o nome do clube. Inaugurado em 31 de maio de 1908, com uma vitória de 5 a 0 sobre o Riachuelo, esse espaço foi palco de grandes momentos. No entanto, após o desligamento do clube da Liga Metropolitana de Sports Athléticos, o terreno foi vendido para a prefeitura. Hoje, no local, está localizada a Rua General Dionísio, em frente a COBAL do Humaitá.
Com a perda da sede da Rua Voluntários da Pátria, o Botafogo Football Club encontrou um novo lar em 1912: o campo de General Severiano, também no bairro de Botafogo. Esse espaço tornou-se o novo cenário das partidas do clube, mantendo viva a tradição alvinegra em seu território de origem. Assim, cada mudança de sede refletia não apenas a evolução do clube, mas também a resistência e a adaptação de uma instituição que sempre soube honrar suas raízes.
Legenda: Primeira sede Clube Regatas Botafogo, 1894.
Créditos da Imagem: Acervo Museu Botafogo.
GENERAL SEVERIANO
General Severiano é um imponente palacete em estilo eclético, construído em um terreno cedido pelo Governo Federal em 1912 para ser a sede do Botafogo. O projeto arquitetônico, concebido por A. Memoria e F. Cuchet em 1926, foi finalmente concluído e inaugurado com um elegante baile de gala em 15 de dezembro de 1928.
Em 1977, durante a presidência de Charles Macedo Borer, a sede foi vendida para a Companhia Vale do Rio Doce. Com essa transação, o Botafogo mudou-se para o Mourisco Pasteur, onde permaneceu até 1992, quando transferiu suas operações para o Mourisco Mar e o departamento de futebol para Marechal Hermes. Durante esses anos longe de General Severiano, a ausência da sede foi profundamente sentida pela torcida e pelo clube, que não mediu esforços para retornar ao local tão emblemático.
O ano de 1992 marcou a reconquista de General Severiano, coincidindo com o tombamento do palacete pelo patrimônio histórico. Entre 1992 e 1994, o Botafogo ficou instalado no Mourisco Mar enquanto a sede original passava por uma reforma completa. A volta definitiva ocorreu em maio de 1994, sob a liderança do presidente Carlos Augusto Montenegro, reafirmando General Severiano como o coração do Botafogo.
Legenda: Imagem aérea do palacete e campo em General Severiano.
Créditos da Imagem: Acervo MUSAL
Legenda: Palacete e campo de futebol ao fundo em General Severiano.
Créditos da Imagem: Revista Placar.
PALACETE MOURISCO
Em agosto de 1920, o Club de Regatas Botafogo inaugurou sua nova sede social, localizada na Praia de Botafogo, a poucos metros da primeira sede. Uma grande festa foi marcada, e o evento de inauguração contou com a presença de Paulo de Frontin, que era benemérito do Clube.
O Palacete contava com um enorme vitral, que formava a imagem de uma figura feminina, uniformizada com as cores do clube e que carregava uma bandeira com a Estrela Solitária.
Infelizmente, a edificação foi demolida para as obras de remodelação da Enseada de Botafogo, no qual o Túnel do Pasmado foi inaugurado, na década de 50.
MOURISCO PASTEUR
A história do Botafogo Futebol e Regata ganhou um capítulo memorável com a construção da nova sede náutica do Mourisco, um projeto que não apenas elevou o patrimônio do clube, mas também redefiniu sua presença no cenário esportivo e social do Rio de Janeiro. A obra, assinada pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer, foi um exemplo de modernidade e beleza arquitetônica, equipada com duas piscinas, quadras de vôlei e basquete, um playground, além de um bar e restaurante. A nova sede, um verdadeiro marco na história do clube, foi inaugurada em dezembro, mês que celebrava o aniversário do Botafogo, em um evento repleto de festividades e simbolismo.
A realização desse projeto deveu-se, em grande parte, ao presidente Paulo Azeredo. Trinta anos após entregar a sede social de Wenceslau Braz junto a sua equipe de administração, ele lutou pelo cumprimento de um acordo com a municipalidade em troca dos terrenos cedidos pelo clube à Prefeitura.
A nova sede náutica não apenas ampliou o patrimônio do Botafogo em cerca de 300 milhões de cruzeiros, mas também revitalizou o clube em diversas frentes. Modalidades como natação, vôlei e basquete, que por anos enfrentaram dificuldades em espaços improvisados, ganharam instalações modernas e adequadas. O departamento infantil, liderado por Margarida Nunes Leite, também foi beneficiado, recebendo um espaço amplo e funcional para o desenvolvimento das novas gerações. Além disso, a localização estratégica do Mourisco, em uma área de passagem para Copacabana, Leme, Ipanema e Leblon, transformou a sede em um ponto de convívio social e atração turística, oferecendo aos associados e visitantes um ambiente descontraído e acolhedor.
Para a inauguração, em dezembro de 1959, foram convidadas diversas autoridades como o Presidente da República, ministros e o prefeito, dentre diversos nomes conhecidos dos desportos.
Para Azeredo, mais do que um legado, foi a realização de um sonho: ver o clube que amava crescer, prosperar e brilhar ainda mais. O Mourisco não foi apenas uma sede; foi um símbolo de dedicação e amor ao Botafogo.
Legenda: Vista da piscina na Sede Náutica Mourisco.
Saiba mais: Diário da Noite (1959)
Créditos da Imagem: Acervo Museus Botafogo.